quarta-feira, 17 de abril de 2013

ETANOL E TECNOLOGIA FLEX MERECEM MAIS RECONHECIMENTO INTERNACIONAL, DEFENDE ÚNICA


As vantagens ambientais e sociais proporcionadas pelo uso do etanol de cana-de-açúcar brasileiro e a tecnologia flex, apesar de reais, ainda não tem destaque internacional similar ao do carro elétrico, uma tecnologia de longo prazo, cara e complexa. A afirmação foi feita pelo consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, durante a III Reunião do Acordo Brasil-Alemanha sobre Cooperação no Setor de Energia com Foco em Energias Renováveis e Eficiência Energética, realizado em Brasília na quarta-feira (10/04). “Temos no mundo quase 30 milhões de veículos bicombustíveis. No Brasil, desde 2003, quando a tecnologia Flex foi adotada, o motorista passou a ter a opção de também abastecer com o etanol e até março de 2013, cerca de 190 milhões de toneladas de emissões de gás carbônico (CO2) foram evitadas graças ao uso do biocombustível de cana. Para alcançar uma redução similar, seria necessário plantar no mínimo 1,3 milhão de árvores. Vale perguntar, quando um carro elétrico poderá atingir tal proeza? E a que custo?” questionou. Szwarc também se referiu às características econômicas e ambientais do etanol. “É um combustível com uma produção barata e ecologicamente correta. Quando comparado à gasolina, emite 90% a menos de CO2 na atmosfera e ainda confere um melhor desempenho aos veículos,” destacou. Szwarc encerrou sua apresentação com uma provocação: “Não existem motivos para não se investir nos carros Flex e no etanol, mas a dúvida é por que tecnologias tão ímpares, limpas e acessíveis, já reconhecidas pelos americanos, canadenses e suecos, seguem com restrições em alguns países da Europa?” A representante do Ministério da Economia e chefe da delegação alemã, Ursula Borak, como resposta, destacou as desconfianças do mercado internacional quanto à garantia brasileira de produção suficiente de etanol para atender a demanda gerada por um eventual crescimento da frota. Szwarc reafirmou a vontade do setor em ampliar a produção de etanol, mas lembrou da existência de fatores que podem influenciar de forma negativa esse comprometimento. “Para atender ao mercado interno e o internacional, a indústria da cana precisa dobrar sua produção até 2020. Claro que existe a pretensão de que isso aconteça, porém, são necessárias políticas públicas claras para incentivar a atividade canavieira,” afirmou. O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles, presente no evento, garantiu o compromisso do País com o setor sucroenergético, dizendo que o governo federal estuda medidas que possam tornar viável esse aumento da produção. Firmado em 2008, o Acordo Brasil-Alemanha prevê a colaboração em política energética, com apresentação de projetos que ajudam na promoção das fontes renováveis de energia nos dois países. Participaram do debate representantes do governo e líderes da indústria energética brasileira e alemã, funcionários do ministérios alemães de Economia e Tecnologia, Agricultura e Cooperação para Desenvolvimento Sustentável, Embaixada da Alemanha no Brasil, Câmara de Comércio e executivos da iniciativa privada. III Reunião Brasil/Alemanha - Durante o encontro, promovido nos dias 10 e 11 de abril, foram realizadas apresentações referentes ao histórico das fontes alternativas de energia e demonstrando as perspectivas de ambos os países em relação a essas iniciativas. Apesar da patente insistência pelo lado brasileiro em dar mais visibilidade ao tema dos biocombustíveis, o lado alemão não se mostrou muito aberto à questão, mostrando grande interesse no biogás. Em linhas gerais, ficou definido que os dois países buscarão uma troca de experiências mais intensa sobre projetos referentes a esses temas. O mesmo grupo que participou do encontro em Brasília foi recebido na segunda-feira (08/04) na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo (SP). Os executivos foram recepcionados pela diretora presidente da entidade, Elizabeth Farina, e por integrantes da área de sustentabilidade. Em sua apresentação, Farina destacou o panorama geral da indústria da cana no Brasil e o crescimento da frota de veículos e motocicletas equipados com a tecnologia flex no mercado doméstico. O uso crescente do etanol na indústria química e as práticas sustentáveis adotadas pelo setor sucroenergético também foram enfatizados. “Os alemães ainda têm uma visão destorcida quanto ao uso do etanol, por isso quanto mais sanarmos as dúvidas, melhor será para a internacionalização do biocombustível de cana,” explicou Farina. 

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