As
vantagens ambientais e sociais proporcionadas pelo uso do etanol de
cana-de-açúcar brasileiro e a tecnologia flex, apesar de reais, ainda não tem
destaque internacional similar ao do carro elétrico, uma tecnologia de longo
prazo, cara e complexa. A afirmação foi feita pelo consultor de Emissões e
Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc,
durante a III Reunião do Acordo Brasil-Alemanha sobre Cooperação no Setor de
Energia com Foco em Energias Renováveis e Eficiência Energética, realizado em
Brasília na quarta-feira (10/04). “Temos no mundo quase 30 milhões de veículos
bicombustíveis. No Brasil, desde 2003, quando a tecnologia Flex foi adotada, o
motorista passou a ter a opção de também abastecer com o etanol e até março de
2013, cerca de 190 milhões de toneladas de emissões de gás carbônico (CO2)
foram evitadas graças ao uso do biocombustível de cana. Para alcançar uma
redução similar, seria necessário plantar no mínimo 1,3 milhão de árvores. Vale
perguntar, quando um carro elétrico poderá atingir tal proeza? E a que custo?”
questionou. Szwarc também se referiu às características econômicas e ambientais
do etanol. “É um combustível com uma produção barata e ecologicamente correta.
Quando comparado à gasolina, emite 90% a menos de CO2 na atmosfera e ainda
confere um melhor desempenho aos veículos,” destacou. Szwarc encerrou sua
apresentação com uma provocação: “Não existem motivos para não se investir nos
carros Flex e no etanol, mas a dúvida é por que tecnologias tão ímpares, limpas
e acessíveis, já reconhecidas pelos americanos, canadenses e suecos, seguem com
restrições em alguns países da Europa?” A representante do Ministério da
Economia e chefe da delegação alemã, Ursula Borak, como resposta, destacou as
desconfianças do mercado internacional quanto à garantia brasileira de produção
suficiente de etanol para atender a demanda gerada por um eventual crescimento
da frota. Szwarc reafirmou a vontade do setor em ampliar a produção de etanol,
mas lembrou da existência de fatores que podem influenciar de forma negativa
esse comprometimento. “Para atender ao mercado interno e o internacional, a
indústria da cana precisa dobrar sua produção até 2020. Claro que existe a
pretensão de que isso aconteça, porém, são necessárias políticas públicas
claras para incentivar a atividade canavieira,” afirmou. O diretor do
Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME),
Ricardo Dornelles, presente no evento, garantiu o compromisso do País com o
setor sucroenergético, dizendo que o governo federal estuda medidas que possam
tornar viável esse aumento da produção. Firmado em 2008, o Acordo
Brasil-Alemanha prevê a colaboração em política energética, com apresentação de
projetos que ajudam na promoção das fontes renováveis de energia nos dois
países. Participaram do debate representantes do governo e líderes da indústria
energética brasileira e alemã, funcionários do ministérios alemães de Economia
e Tecnologia, Agricultura e Cooperação para Desenvolvimento Sustentável,
Embaixada da Alemanha no Brasil, Câmara de Comércio e executivos da iniciativa
privada. III Reunião Brasil/Alemanha - Durante o encontro, promovido nos dias
10 e 11 de abril, foram realizadas apresentações referentes ao histórico das
fontes alternativas de energia e demonstrando as perspectivas de ambos os
países em relação a essas iniciativas. Apesar da patente insistência pelo lado
brasileiro em dar mais visibilidade ao tema dos biocombustíveis, o lado alemão
não se mostrou muito aberto à questão, mostrando grande interesse no biogás. Em
linhas gerais, ficou definido que os dois países buscarão uma troca de
experiências mais intensa sobre projetos referentes a esses temas. O mesmo
grupo que participou do encontro em Brasília foi recebido na segunda-feira
(08/04) na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo
(SP). Os executivos foram recepcionados pela diretora presidente da entidade,
Elizabeth Farina, e por integrantes da área de sustentabilidade. Em sua
apresentação, Farina destacou o panorama geral da indústria da cana no Brasil e
o crescimento da frota de veículos e motocicletas equipados com a tecnologia
flex no mercado doméstico. O uso crescente do etanol na indústria química e as
práticas sustentáveis adotadas pelo setor sucroenergético também foram
enfatizados. “Os alemães ainda têm uma visão destorcida quanto ao uso do
etanol, por isso quanto mais sanarmos as dúvidas, melhor será para a
internacionalização do biocombustível de cana,” explicou Farina.
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