quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

EMPREENDEDOR RURAL TRANSFORMA REALIDADES

Três histórias de transformação e de superação, exemplos a serem seguidos. Jair Daronch, Silvio Pires e Evandro Giovani Santini são produtores paranaenses que têm em comum, além do amor à terra, o aprendizado acumulado com o Programa Empreendedor Rural, iniciativa do Sebrae/PR, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (Senar-PR) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) que, em 2012, completa dez anos. O Empreendedor Rural foi para Jair Daronch mais do que uma faculdade. “Antes eu tinha uma visão restrita dos negócios. Hoje eu consigo ver novas oportunidades.” Com os ensinamentos recebidos e com o projeto apresentado, Daronch passou a desenvolver uma nova atividade.  Dono de uma pequena lavoura de milho e soja e de 50 cabeças de gado até 2004, hoje possui seis aviários, em 124 hectares em Serranópolis do Iguaçu, no oeste paranaense. “Comecei com um projeto e em menos de um ano já estava tocando dois aviários. Em 2006, comprei uma propriedade com dois aviários. Dois anos depois, ou seja, em 2008, construí mais dois aviários, totalizando seis aviários. Com isso, a renda melhorou bastante e todos os aviários foram pagos com o próprio negócio.” Ele lembra que a vida depois do Empreendedor Rural melhorou bastante. “Antes eu só podia contar com a renda que vinha da lavoura. Chegava a passar seis meses sem receber. Hoje, o dinheiro entra a cada 30 dias. Com isso, consegui também melhorar a propriedade.” Jair paga por ano R$ 30 mil de prestação. Sua receita só com os aviários chega a R$ 63 mil, dividida em sete lotes de R$ 9 mil, o que lhe garante uma sobra de R$ 33 mil. Além da ajuda da família (mulher e dois filhos), conta com três funcionários, que atendem exclusivamente os aviários. A mulher Emy cuida do gado leiteiro e os filhos o auxiliam nas demais atividades, como na plantação e colheita de grãos e cuidados com os parreirais de uva. O Empreendedor Rural também fez com que o produtor, de 46 anos, melhorasse a qualidade de vida. “Trabalhar e ganhar dinheiro é muito bom, mas temos que saber aproveitar a vida.” Ele a mulher viajam todos os anos para um lugar do Brasil. Para 2013, o destino será a Europa. Visão de futuro - O Empreendedor Rural fez toda a diferença na vida pessoal e nos negócios do pecuarista Silvio Pires, de Nova Londrina. Filho do produtor rural, Antonio dos Santos Filho, ele tem consciência que após ter frequentado a capacitação em 2003, conseguiu ter uma visão mais ampliada do seu negócio, o que lhe permitiu tomar decisões seguras e aumentar a sua renda. Antes do Empreendedor Rural, a receita que obtinha com a propriedade girava em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil ao ano. Hoje, o faturamento está na casa dos R$ 200 mil. O aumento da renda e uma gestão financeira bem administrada permitiram novos investimentos.  Além do Empreendedor Rural, Silvio Pires contou com o acompanhamento do Instituto Emater. O pecuarista lembra que antes de frequentar o Programa tinha 200 animais e hoje seu rebanho de gado de corte é formado por 600 cabeças. Ele cria, recria e engorda antes da venda aos frigoríficos para abate.  O pecuarista também faz questão de ressaltar a assistência que recebeu na mudança do sistema de pecuária tradicional para curta duração, o que permitiu a redução de suas despesas e a elevação dos seus ganhos. Ele explica que, por meio do Programa Pecuária de Curta Duração, foi orientado no sentido de utilizar técnicas modernas e eficazes de manejo, reprodução, sanidade e nutrição visando obter animais melhorados, e chegando ao objetivo final que foi a produção de um bovino precoce, de carne macia e com cobertura de gordura adequada. Silvio Pires explica que, na sua região, o abate de bovinos é de três a quatro anos. Atualmente, a Fazenda Santa Luzia está produzindo o animal super precoce, utilizando as raças Nelore, Aberden Angus e Charolês. “No início do projeto, o abate era de 120 cabeças/ano. Atualmente são abatidas 540 cabeças/ano. Ou seja, antes o animal levava de três a quatro anos para ser abatido. Com a terminação de animais precoces, este tempo pode cair para até 24 meses e, no caso de super precoces, em até 16 meses.”
A propriedade de 120 alqueires localizada em Nova Londrina é considerada Unidade de Referência de Pecuária de Curta Duração. Desde o Empreendedor Rural em 2003, Silvio Pires já fez dois investimentos na propriedade. No ano de 2004 foram investidos R$ 100 mil na recuperação de pastos. Em 2010, um novo investimento, desta vez no valor de R$ 300 mil, recursos que foram utilizados para a compra de trator, novos animais e melhoria da pastagem. E para alívio do pecuarista, uma boa parte dos financiamentos já foi quitada. Na avaliação de Silvio Pires, a melhor lição que aprendeu do Empreendedor Rural foi a troca de ideias com outros produtores. “Já fiz outros cursos e pretendo continuar aprendendo cada vez mais”, salienta. Aprendizado contínuo - Evandro Giovani Santin até que tentou a vida em uma cidade grande, mas descobriu que o campo tem vantagens que superam os atrativos da área urbana. Em 2001, ele trabalhou em um hotel no Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e como técnico em instalações telefônicas em Curitiba. Mas acabou voltando para o sítio onde nasceu, a Estância Santin, com 45 hectares, no município de São João, no sudoeste do Paraná. “A vida no campo é muito melhor”, define o agricultor. “Não tem trânsito, não tem violência”, resume. Evandro e a mulher, Pamela, tocam o sítio junto com os pais dele, os gaúchos Nadalina e Alceny. Os quatro cuidam sozinhos da propriedade, que tem na bovinocultura de leite a principal fonte de renda. A segunda cultura mais importante desenvolvida no sítio é o plantio de soja, que ocupa dez hectares. O milho também é cultivado, porém para alimentação dos animais. A partir do momento em que Evandro decidiu realmente fixar-se no campo, ele também optou por fazer a propriedade crescer economicamente. “É daqui que a gente sobrevive e tira o nosso sustento”, justifica.  Até 15 anos atrás, a família se dedicava ao cultivo de milho, feijão e soja. A bovinocultura de leite acabou ganhando espaço à medida que os proprietários buscavam uma forma de aumentar a renda e conquistar melhor qualidade de vida para a família. Foi a busca pela melhoria de vida que levou Evandro para o Empreendedor Rural, em 2008. Na época, ele confessa que conhecia pouco sobre o Programa, mas descobriu logo depois que os conteúdos das aulas o ajudariam a traçar um plano de desenvolvimento da bovinocultura leiteira. Ele tem formação como técnico agrícola, mas o conteúdo aprendido na escola não foi suficiente para provocar a mudança que ele desejava na propriedade. Com a ajuda do Empreendedor Rural, o agricultor descobriu novos canais de informação que lhe possibilitaram uma visão mais ampla dos negócios. Evandro reaprendeu também algumas tarefas básicas que havia deixado de lado devido à rotina do dia a dia. Entre elas, planejar as atividades, colocar as despesas e ganhos em planilhas e a fazer um inventário dos objetos que o sítio possui. Em 2011, Evandro conseguiu finalizar o projeto desenvolvido com a ajuda do Sebrae/PR e ampliou as instalações para manejo do gado conseguindo uma área maior e mais adequada para alimentação e ordenha.  Antes, havia espaço para 36 animais, capacidade que subiu para 80 após a reforma. Há cerca de cinco anos, o sítio produzia mensalmente cerca de 20 mil litros de leite, número que atualmente fica entre 35 mil a 38 mil litros, que são vendidos para um laticínio da região. Até 2014, o proprietário espera que a produção alcance 60 mil litros/mês.




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