Três
histórias de transformação e de superação, exemplos a serem seguidos. Jair
Daronch, Silvio Pires e Evandro Giovani Santini são produtores paranaenses que
têm em comum, além do amor à terra, o aprendizado acumulado com o Programa
Empreendedor Rural, iniciativa do Sebrae/PR, Federação da Agricultura do Estado
do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (Senar-PR) e
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) que, em
2012, completa dez anos. O Empreendedor Rural foi para Jair Daronch mais do que
uma faculdade. “Antes eu tinha uma visão restrita dos negócios. Hoje eu consigo
ver novas oportunidades.” Com os ensinamentos recebidos e com o projeto
apresentado, Daronch passou a desenvolver uma nova atividade. Dono de uma pequena lavoura de milho e soja e
de 50 cabeças de gado até 2004, hoje possui seis aviários, em 124 hectares em
Serranópolis do Iguaçu, no oeste paranaense. “Comecei com um projeto e em menos
de um ano já estava tocando dois aviários. Em 2006, comprei uma propriedade com
dois aviários. Dois anos depois, ou seja, em 2008, construí mais dois aviários,
totalizando seis aviários. Com isso, a renda melhorou bastante e todos os
aviários foram pagos com o próprio negócio.” Ele lembra que a vida depois do
Empreendedor Rural melhorou bastante. “Antes eu só podia contar com a renda que
vinha da lavoura. Chegava a passar seis meses sem receber. Hoje, o dinheiro
entra a cada 30 dias. Com isso, consegui também melhorar a propriedade.” Jair
paga por ano R$ 30 mil de prestação. Sua receita só com os aviários chega a R$
63 mil, dividida em sete lotes de R$ 9 mil, o que lhe garante uma sobra de R$
33 mil. Além da ajuda da família (mulher e dois filhos), conta com três
funcionários, que atendem exclusivamente os aviários. A mulher Emy cuida do
gado leiteiro e os filhos o auxiliam nas demais atividades, como na plantação e
colheita de grãos e cuidados com os parreirais de uva. O Empreendedor Rural
também fez com que o produtor, de 46 anos, melhorasse a qualidade de vida.
“Trabalhar e ganhar dinheiro é muito bom, mas temos que saber aproveitar a
vida.” Ele a mulher viajam todos os anos para um lugar do Brasil. Para 2013, o
destino será a Europa. Visão de futuro - O Empreendedor Rural fez toda a
diferença na vida pessoal e nos negócios do pecuarista Silvio Pires, de Nova
Londrina. Filho do produtor rural, Antonio dos Santos Filho, ele tem
consciência que após ter frequentado a capacitação em 2003, conseguiu ter uma
visão mais ampliada do seu negócio, o que lhe permitiu tomar decisões seguras e
aumentar a sua renda. Antes do Empreendedor Rural, a receita que obtinha com a
propriedade girava em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil ao ano. Hoje, o
faturamento está na casa dos R$ 200 mil. O aumento da renda e uma gestão
financeira bem administrada permitiram novos investimentos. Além do Empreendedor Rural, Silvio Pires
contou com o acompanhamento do Instituto Emater. O pecuarista lembra que antes
de frequentar o Programa tinha 200 animais e hoje seu rebanho de gado de corte
é formado por 600 cabeças. Ele cria, recria e engorda antes da venda aos
frigoríficos para abate. O pecuarista
também faz questão de ressaltar a assistência que recebeu na mudança do sistema
de pecuária tradicional para curta duração, o que permitiu a redução de suas
despesas e a elevação dos seus ganhos. Ele explica que, por meio do Programa
Pecuária de Curta Duração, foi orientado no sentido de utilizar técnicas
modernas e eficazes de manejo, reprodução, sanidade e nutrição visando obter
animais melhorados, e chegando ao objetivo final que foi a produção de um
bovino precoce, de carne macia e com cobertura de gordura adequada. Silvio
Pires explica que, na sua região, o abate de bovinos é de três a quatro anos.
Atualmente, a Fazenda Santa Luzia está produzindo o animal super precoce,
utilizando as raças Nelore, Aberden Angus e Charolês. “No início do projeto, o
abate era de 120 cabeças/ano. Atualmente são abatidas 540 cabeças/ano. Ou seja,
antes o animal levava de três a quatro anos para ser abatido. Com a terminação
de animais precoces, este tempo pode cair para até 24 meses e, no caso de super
precoces, em até 16 meses.”
A
propriedade de 120 alqueires localizada em Nova Londrina é considerada Unidade
de Referência de Pecuária de Curta Duração. Desde o Empreendedor Rural em 2003,
Silvio Pires já fez dois investimentos na propriedade. No ano de 2004 foram
investidos R$ 100 mil na recuperação de pastos. Em 2010, um novo investimento,
desta vez no valor de R$ 300 mil, recursos que foram utilizados para a compra
de trator, novos animais e melhoria da pastagem. E para alívio do pecuarista,
uma boa parte dos financiamentos já foi quitada. Na avaliação de Silvio Pires,
a melhor lição que aprendeu do Empreendedor Rural foi a troca de ideias com
outros produtores. “Já fiz outros cursos e pretendo continuar aprendendo cada
vez mais”, salienta. Aprendizado contínuo - Evandro Giovani Santin até que
tentou a vida em uma cidade grande, mas descobriu que o campo tem vantagens que
superam os atrativos da área urbana. Em 2001, ele trabalhou em um hotel no
Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e como técnico em instalações
telefônicas em Curitiba. Mas acabou voltando para o sítio onde nasceu, a
Estância Santin, com 45 hectares, no município de São João, no sudoeste do
Paraná. “A vida no campo é muito melhor”, define o agricultor. “Não tem trânsito,
não tem violência”, resume. Evandro e a mulher, Pamela, tocam o sítio junto com
os pais dele, os gaúchos Nadalina e Alceny. Os quatro cuidam sozinhos da
propriedade, que tem na bovinocultura de leite a principal fonte de renda. A
segunda cultura mais importante desenvolvida no sítio é o plantio de soja, que
ocupa dez hectares. O milho também é cultivado, porém para alimentação dos
animais. A partir do momento em que Evandro decidiu realmente fixar-se no
campo, ele também optou por fazer a propriedade crescer economicamente. “É
daqui que a gente sobrevive e tira o nosso sustento”, justifica. Até 15 anos atrás, a família se dedicava ao
cultivo de milho, feijão e soja. A bovinocultura de leite acabou ganhando
espaço à medida que os proprietários buscavam uma forma de aumentar a renda e
conquistar melhor qualidade de vida para a família. Foi a busca pela melhoria
de vida que levou Evandro para o Empreendedor Rural, em 2008. Na época, ele
confessa que conhecia pouco sobre o Programa, mas descobriu logo depois que os
conteúdos das aulas o ajudariam a traçar um plano de desenvolvimento da bovinocultura
leiteira. Ele tem formação como técnico agrícola, mas o conteúdo aprendido na
escola não foi suficiente para provocar a mudança que ele desejava na
propriedade. Com a ajuda do Empreendedor Rural, o agricultor descobriu novos
canais de informação que lhe possibilitaram uma visão mais ampla dos negócios. Evandro
reaprendeu também algumas tarefas básicas que havia deixado de lado devido à
rotina do dia a dia. Entre elas, planejar as atividades, colocar as despesas e
ganhos em planilhas e a fazer um inventário dos objetos que o sítio possui. Em
2011, Evandro conseguiu finalizar o projeto desenvolvido com a ajuda do
Sebrae/PR e ampliou as instalações para manejo do gado conseguindo uma área
maior e mais adequada para alimentação e ordenha. Antes, havia espaço para 36 animais,
capacidade que subiu para 80 após a reforma. Há cerca de cinco anos, o sítio
produzia mensalmente cerca de 20 mil litros de leite, número que atualmente
fica entre 35 mil a 38 mil litros, que são vendidos para um laticínio da
região. Até 2014, o proprietário espera que a produção alcance 60 mil
litros/mês.
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