A
restauração da Mata Atlântica no Vale do rio Doce (MG), a conservação e uso
equilibrado do meio ambiente, promovendo a formação profissional, evitando o
êxodo e trazendo de volta os habitantes que foram obrigados a migrar, além de
estabelecer o Instituto Terra como um centro de excelência nas áreas de
recuperação e educação ambiental, desenvolvimento sustentável e mobilização
social. Essas são as motivações para a concessão desta edição do Prêmio
WWF-Brasil Personalidade Ambiental ao casal Sebastião Salgado e Lélia Wanick. A
premiação ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 19, durante um jantar para
convidados em São Paulo. “Ficamos muito felizes com esse prêmio, que não é
apenas nosso, mas de toda a equipe do Instituto Terra. A Lélia é a principal
gestora dessa iniciativa, e eu ajudo na captação de recursos”, afirmou
Sebastião Salgado, fotógrafo reconhecido mundialmente e um dos mais respeitados
fotojornalistas da atualidade, notabilizado por registrar a vida dos excluídos
em diversas partes do mundo. Para o fotógrafo, um dos diferenciais do Instituto
Terra é ser uma instituição que trabalha diretamente na implementação de
projetos no campo. “Acredito que fazemos um dos mais interessantes trabalhos de
conservação no Brasil, promovendo não apenas a consciência ecológica, mas a
transformação na vida das pessoas, formando professores, alunos, técnicos
agrícolas, gestores públicos, gerando promoção social e renda em nosso
entorno”. Sebastião destacou algumas iniciativas inovadoras do Instituto Terra,
como o laboratório de sementes e o viveiro de mudas, que produz atualmente 1,2
milhão de plantas de mais de 350 espécies nativas da Mata Atlântica. “Queremos
chegar a 5 milhões de mudas, numa área de 10 hectares, em regime sazonal
(novembro a janeiro), e ser uma referência botânica online”. Com parcerias de
governos do Estado de Minas e Espírito Santo, o Instituto é financiado por
empresas, doações de pessoas físicas, jurídicas e de fundações internacionais.
Conta hoje com 130 funcionários e tem capacidade para receber 125
alunos-residentes. Entregue a cada três anos, o Prêmio WWF-Brasil Personalidade
Ambiental é concedido a uma pessoa reconhecida por seu trabalho pela
conservação da natureza e pela promoção do desenvolvimento sustentável no nosso
país. Os candidatos ao Prêmio são indicados por especialistas em conservação da
natureza, e o vencedor escolhido pelo conselho do WWF-Brasil. A primeira edição
do prêmio foi entregue em 2006 a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Em 2009, foi a vez do climatologista Carlos Nobre, coordenador do Centro de
Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC) e atual secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e
Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Onde tudo começou - Fundado
em 1999 por Lélia e Sebastião Salgado, o Instituto Terra está localizado na
fazenda Bulcão, na mineira Aimorés. Com uma área de 676 ha, reconhecida como
Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), a fazenda é a primeira RPPN
criada em uma área degradada, neste caso por conta do processo de colonização,
com a exploração comercial predatória de madeira, o desmatamento generalizado e
atividades agrícolas e pecuárias irresponsáveis. Entre os objetivos do
Instituto Terra estão: testar e avaliar técnicas para recuperação florestal,
desenvolver novas tecnologias no uso das sementes e do viveiro, e na
recuperação de áreas degradadas; documentação de técnicas de reflorestamento e
de reabilitação do ecossistema da Mata Atlântica, fauna e flora; recuperação da
água; silvicultura; fertilizantes orgânicos; promover o desenvolvimento
sustentável no município de Aimorés com as comunidades, em ações que visam
planejamento e ocupação sustentável e racional do território,por meio de
reflorestamento dos 20% de reserva legal nas propriedades rurais em topos de
morros, nascentes e matas ciliares; formação de cooperativas de pequenos
produtores; difusão de tecnologias; elaboração de cadeias produtivas;
desenvolvimento de sistemas agroecológicos; formação, capacitação e treinamento
dos agricultores; orientação técnica; desenvolvimento de produtos caseiros e
artesanais; fortalecimento da educação e saúde rurais; e aumento da ocupação e
renda da população.
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