O Projeto Multilagos, destinado à construção de
açudes, vai ser retomado pelo governo municipal de Campina Grande, conforme
garantiu na manhã desta sexta-feira (2) o prefeito Romero Rodrigues. Segundo
ele, a iniciativa atenderá comunidades da zona rural, historicamente carentes
no setor de recursos hídricos. O prefeito anunciou a medida durante audiência
pública promovida por iniciativa da Câmara Municipal e da Assembleia
Legislativa da Paraíba com o objetivo de tratar da crise hídrica atual. A
reunião, na Casa de Félix Araújo, com a presença de várias autoridades
federais, estaduais e municipais, foi presidida conjuntamente pela deputada
estadual Daniela Ribeiro e pelo vereador Antônio Pimentel Filho. Durante o
encontro, o prefeito lembrou que o Multilagos foi concebido na gestão do
ex-prefeito Félix Araújo, que administrou Campina Grande no início da década de
90, mas teve como marco inicial o açude José Rodrigues, implantado no Distrito
de Galante. Agora, para a sua retomada, o governo municipal adquiriu uma nova
frota de equipamentos como trator de esteira, retroescavadeira, pá
mecânica e mais três caçambas. O prefeito informou que a PMCG também está
trabalhando, com recursos próprios, para a construção de cisternas, recuperação
de açudes na zona rural, perfuração de poços, além da compra de uma máquina
perfuratriz que será recebida na próxima semana, tendo o novo equipamento
capacidade de atingir até 120 metros de profundidade. Quanto a uma solução
definitiva para o problema da água, disse acreditar no projeto da transposição
do Rio São Francisco, mas reconhece ser o momento preocupante, pois o açude de
Boqueirão só tem apenas 15% da sua capacidade, havendo o perigo de se
estabelecer o colapso no abastecimento d’água local. Por isso, quanto à
transposição, defendeu celeridade nas obras. Neste contexto, entende que a
transposição deveria ter sido feita através de um sistema de dutos e não
exclusivamente por meio de canais. Segundo ele, a implantação de dutos seria
uma saída mais rápida e mais econômica para solucionar a carência hídrica
regional, mesmo porque poderiam ser evitados problemas como infiltração,
irrigações ilegais e evaporação. Por outro lado , lamentou a existência de
problemas de gestão dos recursos hídricos da região por parte da Cagepa, cuja
concessão para atuar em Campina Grande já dura mais de 50 anos. Segundo Romero,
o balanço financeiro daquela companhia na cidade sempre foi positivo,
possibilitando maiores investimentos em favor da nossa população.
Assim, os recursos levantados no município deveriam ter sido, por exemplo,
aplicados no uso racional do esgoto, o qual poderia, após o devido tratamento,
ser usado no parque industrial, no setor comercial e na construção civil. “A
Cagepa pecou por omissão nesta questão, não fazendo nenhum investimento
sustentável para o abastecimento d’água local, mediante, por exemplo, o uso do
sistema de irrigação por gotejamento, economizando mais água do Açude de
Boqueirão. Infelizmente, predomina, naquele manancial, o sistema por inundação,
agravando-se o quadro hídrico atual. Daí, pergunto: onde estão sendo investidos
os recursos obtidos com o lucro por parte da Cagepa? Infelizmente, não há
reinvestimento”, afirmou. Neste contexto, também lamentou o verdadeiro “jogo de
empurra” entre a Cagepa e ANA (Agência Nacional das Águas) quanto à adoção de
medidas de prevenção do uso indevido da água. “A Cagepa pode explorar
economicamente o fornecimento d’água, mas por que não faz uma maior
fiscalização na área, permitindo, com as devidamente limitações, apenas a
irrigação por gotejamento?”, questionou o prefeito campinense. Apesar das
dificuldades do momento, o prefeito concluiu o discurso defendendo a união de
todos os setores governamentais, tanto em âmbito federal, municipal e estadual,
para que se viabilizem saídas ou soluções imediatas quanto à atual crise
hídrica, cujas conseqüências tendem a ser muito ruins para a população de
Campina Grande. - Secom
Nenhum comentário:
Postar um comentário