quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA GANHA ESPAÇO NAS LAVOURAS MINEIRAS

Apenas no último ano foram identificados 97 novos casos de cultivo sem agrotóxicos no estado. Previsão é de que número de ações dobre até 2019. Hortaliças e frutos orgânicos, produzidos em escala comercial sem o uso de agrotóxicos, hormônios ou adubos químicos em qualquer fase da produção. Esta é uma realidade em 76 municípios mineiros. Apenas no último ano foram identificados 97 novos casos de produções agroecológicas nas lavouras do estado, segundo informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) que está fomentando o Programa de Agroecologia, por meio da Ater Agroecologia. O objetivo é conscientizar e capacitar agricultores familiares para o plantio sustentável com vistas à preservação da biodiversidade, geração de renda e qualidade de vida em todos os 17 territórios de desenvolvimento do estado. A previsão é de que ações resultem no crescimento anual de pelo menos o dobro dos casos até 2019. Atualmente, 107 técnicos extensionistas da Emater-MG acompanham o processo da produção orgânica no campo em trabalho conjunto com os agricultores familiares, que aprendem técnicas do plantio sustentável por meio de palestras, reuniões e dos guias de campo construídos coletivamente e de acordo com as necessidades de cada um. Eles são estimulados a adotarem técnicas de plantio que respeitem a natureza e o ambiente. “Buscamos criar debates que promovam o conhecimento e o acesso às legislações pertinentes à agricultura orgânica”, diz o técnico extensionista e coordenador regional da Emater-MG em Pouso Alegre, Alexandre Kurachi. “Além disso, auxiliamos os produtores na elaboração do plano de manejo e damos apoio na adoção de práticas da agricultura com bases sustentáveis, o que vem permitindo que agricultores tenham uma relação mais íntima e cuidadosa com suas plantações e alimentos”, completa o técnico. Os extensionistas utilizam metodologias participativas e técnicas durante as visitas e reuniões que favorecem e estimulam a elaboração de novos conceitos. Assim, promovem a produção do conhecimento agroecológico e a mudança de comportamento dos produtores orgânicos familiares com relação as suas produções. Todo o conhecimento é construído com base no fortalecimento da relação de confiança entre o extensionista e os agricultores familiares, que surge com o tempo e através do reconhecimento dos saberes e do respeito mútuo. Algumas sementes já brotaram e com sucesso. Ana Rita Nossak, produtora e presidente da Associação de Produtores Ecológicos do Sul de Minas - Como resultado do aprendizado, hoje Ana dedica seu trabalho também ao plantio de morangos, café, feijão, mandioca e diversas outras hortaliças que produz sem a utilização de fertilizantes, agrotóxicos e outros produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, descartados do trabalho cotidiano. Seus produtos são comercializados na feira orgânica de Pouso Alegre. “Com o apoio dos técnicos aprendi muito sobre a importância da organização do grupo. Estamos trabalhando no envolvimento do agricultor na causa e a quantidade de interessados pela agroecologia tem aumentado. Estamos percebendo o interesse das pessoas. A mobilização é sustentabilidade também”, diz Ana. Café mais forte - Os mais de 320 agricultores familiares de Poço Fundo têm consciência da importância da união de esforços. A produção de café agroecológico dos produtores ganhou força com a criação da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM). Por meio do sistema participativo e do apoio dos extensionistas da Emater-MG, os produtores familiares  de Poço Fundo  e outros municípios da região absorveram as técnicas de manejo do solo e da plantação, além das formas de preparo dos compostos orgânicos e de outras formas do plantio com base agroecológica. Os resultados são visíveis. “Temos percebido essa mudança de relação do produtor com o solo, com os produtos e com as plantações. O trabalho agroecológico realizado pela Emater-MG mostra aos produtores as vantagens deste método de produção. Hoje eles sabem que o solo é vivo e que devem preservá-lo”, explica o técnico agrônomo da COOPFAM, Daniel Penha.  Além de preservar o meio ambiente e dar qualidade de vida ao homem do campo, o café da região é vendido para países como Itália, Japão e Estados Unidos. Como participar - O Programa de Agroecologia da Emater-MG é fruto da parceria realizada com instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Articulação Mineira de Agroecologia (AMA) e Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEAs), além de institutos e universidades federais. O agricultor familiar que pretende iniciar ou  já trabalha com as práticas da agricultura de bases sustentáveis tem no escritório local da Emater-MG mais um parceiro no desenvolvimento e articulação da agroecologia em sua região. Sistema participativo e certificação orgânica - O Sistema Participativo de Garantia (SPG) é formado pela reunião de produtores e outras pessoas interessadas em organizar sua estrutura básica de produção. O sistema possibilita que os produtores tenham seus produtos orgânicos avaliados por outros produtores, membros do Organismo Participativo da Avaliação da Conformidade (OPAC), através das chamadas “Visitas de Pares” e “Visitas de Verificação”. Além disso, inclui os produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNAPO), que permite a utilização do selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg), garantindo a certificação do produto final. O OPAC deve ser legalmente constituído e credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Agroecologia no Brasil - Dados do Ministério da Agricultura mostram que a quantidade de participantes do CNAPO passou de 11.478, em 2015, para 13.391 até setembro de 2016, o que representa um aumento de cerca de 16,6%. A área de produção orgânica no Brasil já chega a quase 750 mil hectares, sendo o Sudeste a região com maior área produtiva, totalizando 333 mil hectares, com 2.729 registros de produtores no CNAPO, segundo o relatório de 2016. Em seguida, estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil hectares), Centro-Oeste (101,8 mil hectares) e Sul (37,6 mil hectares). - Secom

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