Apenas no último ano foram identificados 97 novos
casos de cultivo sem agrotóxicos no estado. Previsão é de que número de
ações dobre até 2019. Hortaliças e frutos orgânicos, produzidos em escala comercial
sem o uso de agrotóxicos, hormônios ou adubos químicos em qualquer fase da
produção. Esta é uma realidade em 76 municípios mineiros. Apenas no último ano
foram identificados 97 novos casos de produções agroecológicas nas lavouras do
estado, segundo informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais (Emater-MG) que está fomentando o Programa de
Agroecologia, por meio da Ater Agroecologia. O objetivo é conscientizar e
capacitar agricultores familiares para o plantio sustentável com vistas à
preservação da biodiversidade, geração de renda e qualidade de vida em todos os
17 territórios de desenvolvimento do estado. A previsão é de que ações resultem
no crescimento anual de pelo menos o dobro dos casos até 2019. Atualmente, 107
técnicos extensionistas da Emater-MG acompanham o processo da produção
orgânica no campo em trabalho conjunto com os agricultores familiares, que aprendem
técnicas do plantio sustentável por meio de palestras, reuniões e dos guias de
campo construídos coletivamente e de acordo com as necessidades de cada um. Eles são estimulados a adotarem
técnicas de plantio que respeitem a natureza e o ambiente. “Buscamos criar
debates que promovam o conhecimento e o acesso às legislações pertinentes à
agricultura orgânica”, diz o técnico extensionista e coordenador regional da
Emater-MG em Pouso Alegre, Alexandre Kurachi. “Além disso, auxiliamos os
produtores na elaboração do plano de manejo e damos apoio na adoção de práticas
da agricultura com bases sustentáveis, o que vem permitindo que agricultores
tenham uma relação mais íntima e cuidadosa com suas plantações e alimentos”,
completa o técnico. Os extensionistas utilizam metodologias participativas e técnicas
durante as visitas e reuniões que favorecem e estimulam a elaboração de novos
conceitos. Assim, promovem a produção do conhecimento agroecológico e a mudança
de comportamento dos produtores orgânicos familiares com relação as suas
produções. Todo o conhecimento é construído com base no fortalecimento da
relação de confiança entre o extensionista e os agricultores familiares, que
surge com o tempo e através do reconhecimento dos saberes e do respeito
mútuo. Algumas sementes já brotaram e
com sucesso. Ana
Rita Nossak, produtora e presidente da Associação de Produtores Ecológicos do
Sul de Minas - Como resultado do aprendizado, hoje Ana dedica seu
trabalho também ao plantio de morangos, café, feijão, mandioca e diversas
outras hortaliças que produz sem a utilização de fertilizantes, agrotóxicos e
outros produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, descartados do trabalho
cotidiano. Seus produtos são comercializados na feira orgânica de Pouso Alegre.
“Com o apoio dos técnicos aprendi muito sobre a importância da organização do
grupo. Estamos trabalhando no envolvimento do agricultor na causa e a
quantidade de interessados pela agroecologia tem aumentado. Estamos percebendo
o interesse das pessoas. A mobilização é sustentabilidade também”, diz Ana. Café
mais forte - Os mais de 320 agricultores familiares de Poço Fundo têm
consciência da importância da união de esforços. A produção de café
agroecológico dos produtores ganhou força com a criação da Cooperativa dos
Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM). Por meio do sistema
participativo e do apoio dos extensionistas da Emater-MG, os produtores
familiares de Poço Fundo e outros municípios da região absorveram
as técnicas de manejo do solo e da plantação, além das formas de preparo dos
compostos orgânicos e de outras formas do plantio com base agroecológica. Os
resultados são visíveis. “Temos percebido essa mudança de relação do produtor
com o solo, com os produtos e com as plantações. O trabalho agroecológico
realizado pela Emater-MG mostra aos produtores as vantagens deste método
de produção. Hoje eles sabem que o solo é vivo e que devem preservá-lo”,
explica o técnico agrônomo da COOPFAM, Daniel Penha. Além de
preservar o meio ambiente e dar qualidade de vida ao homem do campo, o
café da região é vendido para países como Itália, Japão e Estados Unidos. Como
participar - O Programa de Agroecologia da Emater-MG é fruto da
parceria realizada com instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig), Articulação Mineira de Agroecologia (AMA) e Núcleos de Estudos em
Agroecologia (NEAs), além de institutos e universidades federais. O agricultor
familiar que pretende iniciar ou já trabalha com as práticas da
agricultura de bases sustentáveis tem no escritório local da Emater-MG mais um
parceiro no desenvolvimento e articulação da agroecologia em sua região. Sistema
participativo e certificação orgânica - O Sistema Participativo de
Garantia (SPG) é formado pela reunião de produtores e outras pessoas
interessadas em organizar sua estrutura básica de produção. O sistema
possibilita que os produtores tenham seus produtos orgânicos avaliados por
outros produtores, membros do Organismo Participativo da Avaliação da
Conformidade (OPAC), através das chamadas “Visitas de Pares” e “Visitas de
Verificação”. Além disso, inclui os produtores no Cadastro Nacional de
Produtores Orgânicos (CNAPO), que permite a utilização do selo do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg), garantindo a
certificação do produto final. O OPAC deve ser legalmente constituído e
credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Agroecologia
no Brasil
- Dados do Ministério da Agricultura mostram que a
quantidade de participantes do CNAPO passou de 11.478, em 2015, para 13.391 até
setembro de 2016, o que representa um aumento de cerca de 16,6%. A área de
produção orgânica no Brasil já chega a quase 750 mil hectares, sendo o Sudeste
a região com maior área produtiva, totalizando 333 mil hectares, com 2.729
registros de produtores no CNAPO, segundo o relatório de 2016. Em seguida,
estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil hectares), Centro-Oeste
(101,8 mil hectares) e Sul (37,6 mil hectares). - Secom
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