Zofia
Burk é o nome dela, 61 anos. Polonesa que chegou ao Brasil com 5 anos de idade.
Foi modelo dos 16 aos 32 anos. Poliglota
(fala 7 idiomas), foi agente de turismo na Stella Barros e seu último trabalho
foi como diretora de marketing na área de seguros na Credcard em São Paulo,
onde se aposentou. Hoje é parceira do filho numa agência de turismo. Mas vocês
verão na entrevista abaixo que ela não ficou rica vendendo a sua imagem para a
Gina. O negócio feito na época fora apenas por uma foto, a qual foi paga pelo
cachê específico, e nada mais. Zofia não sabia que sua foto fosse virar marca
de uma caixa de palitos de dentes. Outra, que resolveu até processar a empresa,
reivindicando participação no faturamento, mas como foi orientada na época por
seus advogados, que teria apenas 50% de chances de ganhar, resolveu não seguir
adiante.
ENTREVISTA
As pessoas ainda te reconhecem?
Como
ainda uso franja e cabelo comprido, tem gente que reconhece, sim. Falam: “eu te
conheço de algum lugar. Ah, já sei, você é parecida com a Renata Sorrah!”
(risos). “Ser” a Gina não é algo importante pra mim, mas vejo que isso é
importante para as pessoas. Quando eu trabalhava na Credicard, toda vez que
chegava um funcionário novo me apresentavam como a “moça dos palitos”.
Seus amigos te chamam de Gina?
Não,
só quem não me conhece direito. Especialmente pessoas mais humildes, quando
descobrem que sou eu a modelo da foto, me chamam de Regina (risos). Mas entre
os meus amigos isso já não é mais novidade.
Como aconteceu este trabalho?
Fiz
esta foto em 75 e ela começou a ser veiculada em 76. Não conheço a fábrica, não
tenho nenhuma relação com a Rela (fabricante dos palitos). Na época, nem sabia
que a foto era para aparecer na caixa. Achei que fosse para um display de
supermercado. Nem me maquiar direito eu me maquiei…
O cachê foi bom?
Normal.
Na média da época.
Você ainda recebe pela utilização de sua imagem?
Nunca
recebi! Fizeram uma coisa muito bem-feita no contrato. Assinei cedendo minha
imagem por tempo indeterminado. Mas eles usam hoje minha imagem como marca, e
não dei autorização para isso.
Já procurou resolver a questão na Justiça?
Procurei
há uns 2 ou 3 anos. Peguei os melhores advogados do Brasil, que custariam
caríssimo, e perguntei quais eram minhas chances. Me disseram: 50%. Aí eu não
quis continuar.
Como foi o início da sua carreira?
Comecei
aos 16 anos, em 1942 . Fazia feiras em lugares como o Ibirapuera. Como falava
vários idiomas (coisa pouca: inglês, espanhol, francês, italiano, hebraico,
alemão e mais um dialeto judeu) era sempre solicitada. Na época, modelo era uma
profissão um tanto discriminada.
Você já posou nua?
Fui
uma das primeiras a posar nua! Foi para um calendário de 66, para a Willis do
Brasil (montadora de jipes). Fiz também uma foto “Adão e Eva”. Mas não foram
trabalhos vulgares, era uma nudez lateral, não aparecia nada.
Que trabalhos legais você fez como modelo?
Desfilei
para o Clodovil, foi ótimo! Ele é bárbaro, inteligentíssimo. Adorava desfilar
para ele.
Você trabalhou na televisão?
Fiz
novela em 1900 e Bolinha… Na TV Nacional, fiz o Colégio de Brotos, com o Walter
Foster. Depois fiz A Mãe, na Excelsior, em 1962 ou 63.
Legal, sempre quis saber quem era essa mulher.
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