Cepea,
16 – Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
da Esalq/USP, estimam que o PIB do agronegócio crescerá no máximo 3,8% em 2014.
No primeiro semestre, o avanço foi de 1,9%, justificado pelas perspectivas de
aumento da produção agropecuária e maior patamar de preços na comparação com o
primeiro semestre do ano passado. Variações climáticas, no
entanto, podem levar a ajustes nas estimativas atuais de produção nacional e
mundial. Em 2013, o PIB do agronegócio estimado pelo Cepea, com apoio
financeiro a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu
3,92%, foi da ordem de R$ 1,1 trilhão e representou 22,5% do PIB nacional. O
segmento primário da pecuária se destacou nos primeiros seis meses deste ano,
acumulando alta de 5,52%; o “dentro da porteira” da agricultura cresceu 2,91%.
Por outro lado, a agroindústria agropecuária avançou apenas 0,10%. Entre as 13
indústrias analisadas pelo Cepea, sete fecharam o período em baixa. A queda da
participação da agroindústria no PIB do Agronegócio é uma tendência apontada
pelos pesquisadores responsáveis pelo cálculo. Conforme o professor da
Esalq/USP Geraldo Barros, coordenador do Cepea, nos últimos 10 anos, o PIB do
Agronegócio cresceu à taxa anual de 2,7%, com a agropecuária (“dentro da
porteira”) na marca de 3,8% e agroindústria, de 2%. Em 2013, o segmento de
insumos representou 12% do PIB Agro, a agropecuária, 29%, a agroindústria, 28%
e o segmento de serviços, 31%. Em 1995, explica Barros, a agroindústria
representava 35% e a agropecuária, 24%. A perda de participação da
agroindústria indica que o agronegócio não tem conseguido avançar nos segmentos
de maior valor agregado, em boa parte devido às dificuldades enfrentadas na
exportação de produtos manufaturados, comenta. “Nas nossas exportações
predominam as matérias-primas e semiprocessados, enquanto os processados e os
produtos frescos (frutas, flores, por exemplo) enfrentam barreiras comerciais
ou não atendem às exigências de qualidade e sanitárias.” Por sua vez, o aumento
relativo do segmento primário, conforme Barros, é explicado pelo crescimento da
produtividade no campo, decorrente de avanços tecnológicos. Segundo o
coordenador do Cepea, de 1980 a 2000, período em que o preço real dos produtos
agropecuários caiu aproximadamente 60%, a produtividade também cresceu perto de
60%. Com esse significativo avanço, em termos médios, a rentabilidade do setor
praticamente se manteve, enquanto a produção (volume) aumentou 85%. A elevação
da produtividade, por outro lado, também tem sido fundamental para conter o
aumento da área explorada e, portanto, o processo de desmatamento. De 2000 a
2010, estudos de Barros mostram que a produtividade da agropecuária cresceu
ainda mais, 73% – enquanto que a produtividade do conjunto da economia
permaneceu praticamente estável – e a produção agro, 65%. Nesse período,
diferentemente do anterior, os preços internacionais disparam devido à forte
demanda mundial. O Real, no entanto, se valorizou, limitando o efeito médio no
preço ao produtor brasileiro. Com tal desempenho no campo, as exportações
também se potencializaram. Conforme levantamentos do Cepea, o volume embarcado
de produtos do agronegócio mais que triplicou (aumento de 220%) entre 2000 e
junho de 2014. Em termos de receita, especificamente no primeiro semestre de
2014, somaram cerca de U$$ 50 bilhões. Diante de tal cenário, Barros destaca
que o grande desafio é manter o ritmo de crescimento da produtividade, ou seja,
a competitividade do agronegócio. “A resposta passa pelo desenvolvimento de
pesquisas e disponibilização de tais resultados aos produtores, em especial aos
pequenos”, pondera – Ascom.
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