Depois de iniciar 2016 com exportações em
volumes recordes, o agronegócio brasileiro encerrou o ano com redução nos
embarques, em relação a 2015, refletindo a valorização do Real frente ao dólar
e a queda na produção agrícola nacional, principalmente de grãos, decorrente do
clima adverso. Cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP, mostram que, entre janeiro e dezembro de 2016,
comparativamente ao mesmo período de 2015, o volume exportado pelo agronegócio
brasileiro (IVE-Agro/Cepea) caiu 2,6% e os preços em dólares recebidos pelos
exportadores do setor recuaram 1,8% (IPE-Agro/Cepea). Com isso, o faturamento
em dólar do setor diminuiu 3,6%, fechando em US$ 86 bilhões. Em Reais, o
faturamento caiu expressivos 21%, devido à desvalorização de 17,6% da taxa de
câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), que, por sua vez, reduziu a
atratividade das exportações do agronegócio brasileiro em 19% nesse mesmo
período. Em 2016, diminuíram os volumes exportados (IVE Agro/Cepea) da maioria
dos produtos considerados nos índices de exportação do Cepea, em relação ao ano
anterior, com destaque para o óleo de soja (24,9%) e o milho (24,4%). Também
recuaram os embarques de café (8,3%), soja em grão (5,2 %), frutas (4,7%),
etanol (3,7%), algodão em pluma (3,5%), farelo de soja (2,6%) e carne bovina
(0,3%). Segundo pesquisadores do Cepea, soja, milho e café estão
entre os produtos que mais sofreram com o clima em 2016. Já as vendas externas
de celulose se mantiveram estáveis, enquanto cresceram as de carne de aves
(2,1%), suco de laranja (15,3%), madeiras (15,9%), açúcar (20,5%) e carne suína
(32,6%). A China se manteve como o principal destino das exportações do
agronegócio brasileiro em 2016, com 24,3% dos embarques (em receita). O bloco
de países da Zona do Euro ficou com a segunda posição, com 17,3%. Estados
Unidos, Japão e Irã também se destacaram como importantes parceiros comerciais
do Brasil em 2016. Os grupos de produtos mais importantes no ano, em termos de
valor exportado, foram os do complexo soja, carnes, sucroalcooleiro, produtos
florestais e café. Para 2017, a expectativa é que a produção agropecuária
brasileira se recupere, com expressivo crescimento comparativamente a 2016,
segundo a Conab, uma vez que as previsões indicam clima mais favorável neste
ano. Outro fator importante para impulsionar o comércio é o aumento da renda
dos asiáticos, que deve manter firme a demanda por alimentos. Por outro lado, a
mudança na orientação dos acordos e tratados de comércio internacional por
parte do governo norte-americano pode acarretar em volatilidade aos mercados,
afetando o câmbio e as taxas de juros no mercado internacional. Ainda,
restrições ao comércio podem ser impostas a importantes parceiros comerciais do
País – Secom.
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