No ano que marca o aniversário de 110 anos do
primeiro voo do aviador, 111 personalidades e uma entidade foram
agraciados; governador pregou a união nacional e respeito à democracia
para que país possa superar a crise econômica e política. O governador Fernando
Pimentel presidiu, nesta terça-feira (8/11), na Fazenda Cabangu, no município
de Santos Dumont, Território Mata, a solenidade de entrega da Medalha Santos
Dumont. A comenda é concedida pelo Governo de Minas Gerais e, neste ano, foram
agraciadas 111 personalidades e uma entidade. O próprio governador foi orador
da cerimônia. Pimentel destacou que o espírito inovador de Santos Dumont deve
ser usado como inspiração pelos cidadãos e pelo país para vencer esta “fase
difícil na vida brasileira”. “Temos problemas graves na política e na economia,
que repercutem diretamente na vida de cada brasileiro e de cada brasileira. E a
superação desses problemas requer muito trabalho, empenho e sacrifício. Pois
foi com trabalho, com determinação e com muito empenho que Santos Dumont venceu
o desafio, aparentemente intransponível, de colocar em voo a primeira aeronave
mais pesada que o ar. Ele não se deixou abater pelas críticas, pelos insucessos
temporários, nem pelas pedras no caminho. Este é o exemplo que temos de seguir”,
apontou. O governador também ressaltou ser “preciso reatar laços básicos da
convivência democrática” e que uma nação só se faz forte e coesa se houver
“respeito às regras constitucionais”. “Ninguém tem o monopólio da verdade nem
uma procuração para decidir sozinho o que é melhor para o povo. No estado
democrático de direito, ninguém pode estar acima da lei. Não estão acima dela
os políticos, nem os militares, mas tampouco estão os juízes e os promotores.
Todos, sem exceção, à lei devem se submeter e respeitar antes de tudo o direito
do outro, o direito do diferente, do oposto. Esse respeito sagrado é o que
caracteriza os estados democráticos, e os diferencia dos regimes de exceção”,
comentou. Segundo Pimentel, a crise que afeta União, estados e municípios só
será superada com humildade e generosidade por parte dos governos e das
oposições. “A crise não será superada fomentando o ódio e a intolerância na
política e na vida pública. Não será superada com pretensas soluções
econômicas, que propõem um falso equilíbrio fiscal à custa do aumento da
desigualdade e do desemprego. Não será superada com a produção da desesperança
e do desalento na vida da nossa gente. Ao contrário. Superá-la exige, acima de
tudo, humildade e generosidade de um lado - o dos governos - para governar para
todos, sem revanchismos nem perseguições, e de outro lado - o das oposições -
para não apostar no quanto pior melhor”, afirmou. Homenagem - A medalha foi
criada em 1956 para comemorar os 50 anos do primeiro voo do brasileiro Alberto
Santos Dumont em uma aeronave mais pesada que o ar, o 14-Bis, em outubro de
1906, em Paris (França). É concedida em quatro graus: Grande Colar, Ouro, Prata
e Bronze. A Fazenda Cabangu, local da cerimônia, é o lugar onde nasceu o
inventor do avião e guarda um preciso acervo de Santos Dumont, entre réplicas
de aviões e objetos do inventor. O prefeito de Santos Dumont, Carlos Alberto
Ramos de Faria, ressaltou a importância de reverenciar a memória do inventor.
"Em tempos em que nossos valores de nação e de orgulho à pátria andam
carecidos de brio e expressividade contemporânea, renomear Alberto Santos
Dumont, sem dúvida, é inspirador. Foi nesta fazenda - e hoje museu - Cabangu, o
local onde há 143 anos nasceu o brasileiro cuja fantástica capacidade criativa
mudou a forma de locomoção em grandes distâncias com sua genialidade e
criatividade". Condecorado com a medalha, o subcomandante do Batalhão
Aéreo de Belo Horizonte e piloto de helicóptero da Esquadrilha Pégasus, major
Didier Ribeiro Sampaio, está há 23 anos na Polícia Militar de Minas Gerais,
sendo 15 dedicados ao policiamento aéreo. "É uma atividade prazerosa e
estou profissionalmente muito realizado. Eu faço o que eu gosto. É uma situação
maravilhosa ser reconhecido como essa comenda tão importante para nós da
aviação e da Polícia Militar", destacou. Outro oficial condecorado foi
coronel intendente da Aeronáutica, Ângelo Nascimento Marroso, com 32 anos de
serviços prestados. Depois de passar por São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus,
voltou ao estado para trabalhar no parque aeronáutico de Lagoa Santa.
"Nesse momento da carreira, ser condecorado com essa comenda é uma
gratidão e uma honra muito grande. A paixão eu adquiri ao longo da carreira e,
hoje, sou completamente apaixonado pelo o que eu faço", enfatizou. Para a
diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes), Maria Ângela Figueiredo Braga, pesquisadora do
Núcleo de Violência e Criminalidade – e também condecorada -, "a medalha
tem um sentido amplo que o próprio nome de Santos Dumont nos remete, que é essa
capacidade de criar, construir e voar, alçar voos". Segundo ela, a
homenagem leva à "sensação de pertencimento àquele lugar que você
trabalha. A Unimontes é um espaço muito interessante e enriquecedor que
contribui para a formação das pessoas que hoje estão no Norte de Minas, no
sertão de Minas Gerais", disse. Santos Dumont - Nascido em 20 de
julho de 1873, Alberto Santos Dumont era o sexto filho de Francisca Santos e do
engenheiro Henrique Dumont. Em 1892, foi estudar na França. Em 1906, realizou o
voo do 14-Bis, um pequeno avião de alumínio, bambu e seda japonesa. O voo,
considerado o primeiro feito com um aparelho mais pesado que o ar, foi
registrado pela Federação Aeronáutica Internacional. Recebeu vários prêmios,
inclusive do Aeroclube da França. Em 1932, com a saúde debilitada, Santos
Dumont foi levado pela família para uma estação de repouso no Guarujá, no
litoral de São Paulo, aos 59 anos. Fazenda Cabangu - A família do
inventor chegou àquela região da Serra da Mantiqueira em 1872, quando o
engenheiro Henrique Dumont foi comandar as obras de construção da estrada de
ferro que cortava os vilarejos de João Gomes (atual Santos Dumont) e João
Aires. Um ano depois, nasceu Alberto. Os Dumont só ficaram ali até 1875. A casa
de Cabangu acabou se tornando apenas um ponto de apoio para os trabalhadores da
ferrovia. Em 1919, Alberto Santos Dumont decidiu retornar à casa natal. Ganhou
o imóvel de presente do governo e se tornou um criador de gado. Em meados da década
de 1920, teve que deixar Cabangu para tratar da saúde na Europa. Mesmo
distante, não escondia o desejo de que o local fosse preservado e doado à
nação. Depois de sua morte, em 1932, uma comissão liderada pelo jornalista
Oswaldo Castelo Branco se empenhou na transformação da velha residência em
museu. Criado pelo Governo de Minas em 1956, o parque histórico só foi
oficialmente inaugurado em 1973. - Secom
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