Ainda responsáveis por uma fatia robusta dos custos de
produção do etanol celulósico, as enzimas começam a ter seu mercado expandido
no Brasil, com a concretização dos projetos de usinas de segunda geração no
país. Os próprios players nacionais estão entrando nessa disputa com o
desenvolvimento de "coquetéis" próprios para extrair açúcares da celulose
do bagaço e da palha da cana. Na mesa, um mercado com potencial de superar US$
2 bilhões até 2022, grande parte dele no Brasil. Até então, o mercado
local contava com a presença quase que exclusiva da dinamarquesa Novozymes -
que fechou contratos de fornecimento de enzimas para os dois principais
projetos de segunda geração de biomassa de cana no Brasil, o da Granbio e o da
Raízen (Cosan / Shell). Nesta
semana, chegou ao Brasil o diretor global para biocombustíveis avançados da
americana Dupont, Jan Koninckx, que já se sentou à mesa com alguns potenciais
parceiros para licenciamento da tecnologia para sua comercialização no mercado
brasileiro, revelou o executivo em entrevista ao Valor. Na primeira geração do etanol feito a partir de grãos,
tais como milho e trigo, a americana se auto-denomina líder mundial no
fornecimento de enzimas. Nos Estados Unidos, a empresa já comercializa um
pacote tecnológico para extrair açúcares da biomassa do milho. E, após testes
feitos com a biomassa da cana na unidade americana de demonstração da companhia
e no laboratório da empresa em Paulínia (SP), a Dupont acredita estar pronta
para lançar essa tecnologia também para o bagaço e a palha da cana, disse
Koninckx. Questionado se a entrada
no mercado brasileiro não deveria ter ocorrido antes, o executivo afirmou que
não se trata de uma corrida. "Ainda que estar na frente seja importante,
não é o mais importante", assegurou. "Estamos muito confortáveis com
esse mercado no longo prazo. Conhecemos todas as peculiaridades da biomassa da
cana e estamos preparados". Koninckx
não revela quanto a companhia está investindo por ano em biocombustíveis. Mas
essa é uma das áreas consideradas estratégicas pela empresa, que está
concluindo globalmente a separação do negócio de químicos de um outro grupo de
negócios - agricultura (sementes e defensivos), nutrição e saúde (alimentação e
produtos nutricionais) e biociência industrial - nesta última, estão incluídos
os biocombustíveis. Esse grupo formado por três áreas registrou uma receita de
US$ 16,4 bilhões em 2013, equivalente a 45% de todas as vendas da companhia no
mesmo ano (US$ 36 bilhões). Liderado
globalmente pela Novozymes, o mercado mundial de enzimas passou a ter a Dupont
como vice-líder em 2011, quando a americana comprou a Danisco, especializada em
enzimas e ingredientes alimentícios. A Dupont também está entrando na produção
de etanol celulósico, com a construção de uma unidade que usará resíduos de
milho, em Iowa, nos Estados Unidos. Os investimentos nessa planta superam US$
200 milhões, segundo o executivo, e a expectativa é de que a construção seja
concluída este ano – Ascom.
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