Em 2015, o Agronegócio pode
ser o grande condicionante do desempenho da economia nacional. Representando
23% do PIB brasileiro, ele pode ser o único setor com crescimento mais
expressivo, dado que muitos segmentos da indústria não conseguem avançar e os serviços
estão em processo de exaustão. Estimativas do Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam que, no próximo ano, o
agronegócio pode crescer 2,8%. Para 2014, o Cepea revisou para baixou a
expectativa de crescimento; pesquisadores esperam, no muito, 2,6%, a serem
obtidos com colaboração expressiva do “dentro da porteira”. A obtenção
de crescimento ao redor de 2,8%, segundo pesquisadores do Cepea, vai requerer
que o agronegócio continue explorando seus ganhos de produtividade, sem
depender apenas de impulsos da demanda. Na avaliação da equipe Cepea, dentro do
País, o setor vai encontrar em 2015 um mercado interno estagnado ou em fraca
expansão na melhor das hipóteses, resultado do provável aumento do desemprego e
de desaceleração dos salários. No front externo, perspectivas de menor
liquidez e maiores juros internacionais indicam dólar mais valorizado e preços
de commodities menores. Entre os produtos que podem perder valor em dólar estão
soja e açúcar. Para o professor da Esalq/USP Geraldo Barros, coordenador do
Cepea, uma característica dominante nos mercados em geral será a elevada
volatilidade, decorrente das questões climáticas e também de fatores
macroeconômicos. O câmbio no mercado interno ainda é uma incógnita diante
das indefinições quanto à atuação do Banco Central. Uma desvalorização do Real
ajudaria o agronegócio, ao mesmo tempo em que dificultaria o controle da
inflação. Já a tendência de queda dos preços do petróleo, além de contribuir
para uma taxa menor de inflação, pode favorecer o agronegócio, já que o óleo
diesel e outros agroquímicos produzidos a partir do petróleo tenderão a se
tornar mais baratos. Contudo, seria prejudicada a perspectiva da produção
nacional de petróleo, contextualizam os pesquisadores. Ao tratar da
produção, a equipe Cepea destaca o impacto, cada vez mais frequente, dos
eventos climáticos extremos no Brasil e em outros grandes produtores
agropecuários – com impactos inter-relacionados. Diante disso, os pesquisadores
destacam a importância de se reforçar a política agrícola voltada para o
financiamento e o seguro da renda agrícola. Conforme cálculos do
professor Barros, para financiar insumos e investimentos, os produtores rurais
requerem cerca de 95% do PIB do seu segmento (agropecuária), mas na safra
2014/15, o governo federal alocou o equivalente a cerca de 50% desse montante
(R$ 156,1 bilhões). O complemento vem de recursos próprios e de outras fontes
não oficiais. Quanto ao seguro rural, o professor destaca que vem ocorrendo crescimento
exponencial desde meados da década de 2000, mas a abrangência ainda não chega a
10% da área cultivada, com grande concentração no Sul do País e nas culturas de
grãos, particularmente na soja. Em relação à política de sustentação de preços
em anos recentes, o coordenador do Cepea explica que tem sido localizada e/ou
pontual, podendo adquirir relevância em casos específicos, apenas. Segundo o
professor, estudos vêm mostrando graus decrescentes de apoio do governo ao
agronegócio comparando-se ao quadro de algumas décadas atrás – ASCOM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário