segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CEPEA ESTIMA CRESCIMENTO DE 2,8% DO AGRONEGÓCIO EM 2015

Em 2015, o Agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho da economia nacional. Representando 23% do PIB brasileiro, ele pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, dado que muitos segmentos da indústria não conseguem avançar e os serviços estão em processo de exaustão. Estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam que, no próximo ano, o agronegócio pode crescer 2,8%. Para 2014, o Cepea revisou para baixou a expectativa de crescimento; pesquisadores esperam, no muito, 2,6%, a serem obtidos com colaboração expressiva do “dentro da porteira”. A obtenção de crescimento ao redor de 2,8%, segundo pesquisadores do Cepea, vai requerer que o agronegócio continue explorando seus ganhos de produtividade, sem depender apenas de impulsos da demanda. Na avaliação da equipe Cepea, dentro do País, o setor vai encontrar em 2015 um mercado interno estagnado ou em fraca expansão na melhor das hipóteses, resultado do provável aumento do desemprego e de desaceleração dos salários. No front externo, perspectivas de menor liquidez e maiores juros internacionais indicam dólar mais valorizado e preços de commodities menores. Entre os produtos que podem perder valor em dólar estão soja e açúcar. Para o professor da Esalq/USP Geraldo Barros, coordenador do Cepea, uma característica dominante nos mercados em geral será a elevada volatilidade, decorrente das questões climáticas e também de fatores macroeconômicos. O câmbio no mercado interno ainda é uma incógnita diante das indefinições quanto à atuação do Banco Central. Uma desvalorização do Real ajudaria o agronegócio, ao mesmo tempo em que dificultaria o controle da inflação. Já a tendência de queda dos preços do petróleo, além de contribuir para uma taxa menor de inflação, pode favorecer o agronegócio, já que o óleo diesel e outros agroquímicos produzidos a partir do petróleo tenderão a se tornar mais baratos. Contudo, seria prejudicada a perspectiva da produção nacional de petróleo, contextualizam os pesquisadores. Ao tratar da produção, a equipe Cepea destaca o impacto, cada vez mais frequente, dos eventos climáticos extremos no Brasil e em outros grandes produtores agropecuários – com impactos inter-relacionados. Diante disso, os pesquisadores destacam a importância de se reforçar a política agrícola voltada para o financiamento e o seguro da renda agrícola. Conforme cálculos do professor Barros, para financiar insumos e investimentos, os produtores rurais requerem cerca de 95% do PIB do seu segmento (agropecuária), mas na safra 2014/15, o governo federal alocou o equivalente a cerca de 50% desse montante (R$ 156,1 bilhões). O complemento vem de recursos próprios e de outras fontes não oficiais. Quanto ao seguro rural, o professor destaca que vem ocorrendo crescimento exponencial desde meados da década de 2000, mas a abrangência ainda não chega a 10% da área cultivada, com grande concentração no Sul do País e nas culturas de grãos, particularmente na soja. Em relação à política de sustentação de preços em anos recentes, o coordenador do Cepea explica que tem sido localizada e/ou pontual, podendo adquirir relevância em casos específicos, apenas. Segundo o professor, estudos vêm mostrando graus decrescentes de apoio do governo ao agronegócio comparando-se ao quadro de algumas décadas atrás – ASCOM.

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