quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ENZIMAS GANHAM DESTAQUE NO MERCADO

Ainda responsáveis por uma fatia robusta dos custos de produção do etanol celulósico, as enzimas começam a ter seu mercado expandido no Brasil, com a concretização dos projetos de usinas de segunda geração no país. Os próprios players nacionais estão entrando nessa disputa com o desenvolvimento de "coquetéis" próprios para extrair açúcares da celulose do bagaço e da palha da cana. Na mesa, um mercado com potencial de superar US$ 2 bilhões até 2022, grande parte dele no Brasil. Até então, o mercado local contava com a presença quase que exclusiva da dinamarquesa Novozymes - que fechou contratos de fornecimento de enzimas para os dois principais projetos de segunda geração de biomassa de cana no Brasil, o da Granbio e o da Raízen (Cosan / Shell). Nesta semana, chegou ao Brasil o diretor global para biocombustíveis avançados da americana Dupont, Jan Koninckx, que já se sentou à mesa com alguns potenciais parceiros para licenciamento da tecnologia para sua comercialização no mercado brasileiro, revelou o executivo em entrevista ao Valor. Na primeira geração do etanol feito a partir de grãos, tais como milho e trigo, a americana se auto-denomina líder mundial no fornecimento de enzimas. Nos Estados Unidos, a empresa já comercializa um pacote tecnológico para extrair açúcares da biomassa do milho. E, após testes feitos com a biomassa da cana na unidade americana de demonstração da companhia e no laboratório da empresa em Paulínia (SP), a Dupont acredita estar pronta para lançar essa tecnologia também para o bagaço e a palha da cana, disse Koninckx. Questionado se a entrada no mercado brasileiro não deveria ter ocorrido antes, o executivo afirmou que não se trata de uma corrida. "Ainda que estar na frente seja importante, não é o mais importante", assegurou. "Estamos muito confortáveis com esse mercado no longo prazo. Conhecemos todas as peculiaridades da biomassa da cana e estamos preparados". Koninckx não revela quanto a companhia está investindo por ano em biocombustíveis. Mas essa é uma das áreas consideradas estratégicas pela empresa, que está concluindo globalmente a separação do negócio de químicos de um outro grupo de negócios - agricultura (sementes e defensivos), nutrição e saúde (alimentação e produtos nutricionais) e biociência industrial - nesta última, estão incluídos os biocombustíveis. Esse grupo formado por três áreas registrou uma receita de US$ 16,4 bilhões em 2013, equivalente a 45% de todas as vendas da companhia no mesmo ano (US$ 36 bilhões). Liderado globalmente pela Novozymes, o mercado mundial de enzimas passou a ter a Dupont como vice-líder em 2011, quando a americana comprou a Danisco, especializada em enzimas e ingredientes alimentícios. A Dupont também está entrando na produção de etanol celulósico, com a construção de uma unidade que usará resíduos de milho, em Iowa, nos Estados Unidos. Os investimentos nessa planta superam US$ 200 milhões, segundo o executivo, e a expectativa é de que a construção seja concluída este ano – Ascom.

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